Antero de Quental
Quando nos vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas:
.
Ou, vendo o mar, das ermas cumiadas,
Comtemplamos as nuvens vespertinas,
Que parece fantásticas ruinas
Ao longe, no horizonte, amontoadas:
.
Quantas vêzes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto-me tremer-te a mão, e empalideces...
.
O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das cousas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.
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