12 março 2011

Antero de Quental

Quando nos vamos ambos, de mãos dadas,

Colher nos vales lírios e boninas,

E galgamos dum fôlego as colinas

Dos rocios da noite inda orvalhadas:

.

Ou, vendo o mar, das ermas cumiadas,

Comtemplamos as nuvens vespertinas,

Que parece fantásticas ruinas

Ao longe, no horizonte, amontoadas:

.

Quantas vêzes, de súbito, emudeces!

Não sei que luz no teu olhar flutua;

Sinto-me tremer-te a mão, e empalideces...

.

O vento e o mar murmuram orações,

E a poesia das cousas se insinua

Lenta e amorosa em nossos corações.

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